Sobre gaijin4ever

Um velhinho, feio de doer, que está aqui para botar bobagens, resmungos, lembranças e comentários sobre sexo, violência, política, amor, literatura, cinema, televisão, mundo, universo, os meus botões, duartina, brasil, japão, japoneses, nisseis, jovens, velhos e o que mais der na telha.

Associações, clubes? Xá com a gente!

Vocês devem ter notado, depois de mais de 112 anos que estamos no Brasil, que nós os japoneses somos chegados a uma festinha, de família ou com amigos, celebrando datas comemorativas de tudo quanto é jeito e forma, qualquer motivo enfim, é um pretexto para o nosso pessoal se juntar. Gostamos de estar em grupos!

Nos anos 50 quando estávamos tateando e procurando o nosso lugar na comunidade brasileira, a formação de grupos era uma etapa nesse processo de assimilação. E a coisa funcionava mais ou menos assim, juntava uns dez de nós e pronto, era formado mais um clube. Simples.

Uma brincadeira dançante no kaikan de Duartina, junho de 1958.

Na Grande São Paulo cuja população nikkei os japoneses e descendentes – aumentava com a migração da grande maioria de nós, que vínhamos do campo e de todas as partes do interior, os anos 50 e 60 testemunharam uma explosão desses clubes.

Um dos maiores era o GECEBS, que significa algo como Grêmio Esportivo e Cultural de Ex Bastenses, fundado por, adivinhem – ex moradores de Bastos, que parece estar ativo ainda hoje, e formou grandes atletas de beisebol e softbol. Tinha o Clube da Turma e Arelux, com as suas sedes num mesmo prédio, na Liberdade. O Clube Paratodos na Moóca, o Cereja perto do Mercado Municipal, o Piratininga em Pinheiros, o Anhanguera na Lapa, o Ética na Bela Vista e clubes japoneses praticamente em quase todos os bairros da Capital e nas cidadezinhas do interior, onde viviam japoneses. Em Duartina, era a Associação Nipo Brasileira que tinha o seu kai-kan (clube) num antigo prédio conhecido como Secador. É dessa época também, a fundação do Nippon Country Clube, que nasceu como Bonsucesso CC, um bairro de Arujá onde está situado até os dias atuais, talvez o mais eclético, variado e bem sucedido de todos. Teve casos de empresas e cooperativas que criaram clubes e um dos casos especiais é o Coopercotia, o clube, que felizmente conseguiu sobreviver apesar do fechamento da cooperativa que o havia criado.

Todos esses clubes tiveram muita importância no processo de formação pessoal de nós nisseis. Quase todos eles tinham o seu departamento cultural, recreativo e esportivo, dando alternativas para o pessoal tímido, que nos caracteriza (ou caracterizava, pelo menos no meu tempo…), procurar o seu caminho e de lambuja, receber um baita de uma injeção de auto-estima.

Éramos todos associados a um desses clubes, jogando futebol de salão, beisebol, judô ou tênis de mesa, ou participando das atividades sociais ou culturais. E se não fôssemos associados, participávamos de algum evento promovido por essas agremiações. As brincadeiras dançantes animadas por pequenos conjuntos eram as mais populares.

Além disso, um dos eventos mais concorridos eram os nodojimans, que eram festivais de música japonesa, com uma pequena orquestra acompanhando os cantores que concorriam em diversas categorias. É, não tinha karaokê ainda…

Participávamos tambem dos undokais, um festival poliesportivo, mais na base de corridas, que geralmente ocorriam durante a semana da comemoração do aniversário do antigo imperador, o Hirohito, que coincidia com a comemoração do dia do Trabalho.

Muitos clubes desapareceram quando esse processo não era mais necessário pois com o correr do tempo estávamos cada vez mais integrados na comunidade brasileira, ou na comunidade gaijin (não japonesa, digamos assim) e fecharam ou estão fechando as portas por falta de associados ou por não conseguirem se adaptar aos novos tempos. Entretanto, muitos sobrevivem ainda hoje em dia, abertos a toda população, sem a necessidade de que para ser associado, você seja um japonês ou descendente. Floresceram associações das províncias japonesas e de karaokês. E assim, hoje, em São Paulo, capital, sobraram apenas cerca de 120 clubes.

Será que existe algum outro grupo étnico com mais clubes que a gente? Duvido. É ou não é uma coisa de louco?!

Choque Cultural

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Porque será que muitos jogadores de futebol ou executivos, bem sucedidos no país de origem se dão mal quando transplantados para um novo país?

Uma boa parte desse insucesso se deve ao choque cultural. O mesmo acontece com a gente. Alguns se adaptam ao novo país rapidamente, outros demoram uma eternidade e muitos não vêem a hora de voltarem à terra natal sem nunca conseguirem se ajustar ao novo ambiente.

Nem bem chegamos ao novo país e já estamos morrendo de saudades dos amigos e familiares. Numa época sem internet, sem jornais ou revistas brasileiras, a barra era um pouco mais pesada. O nosso caso. Parentes e amigos mandavam jornais ou revistas, esporadicamente, e devorávamos de cabo a rabo. Inclusive os classificados.

Não damos muita importância à cultura em que crescemos, a que moldou a nossa identidade. Só vamos notar as diferenças quando passamos um tempo mais longo, vivendo o dia a dia como qualquer outro cidadão, no estrangeiro.

Alguns dos sintomas do choque cultural são bastante parecidos com a depressão: tristeza, solidão, melancolia; preocupação com a saúde; insônia ou então vontade de dormir muito; mudança no temperamento, sentimento de vulnerabilidade; raiva, irritabilidade; muita saudade, idealização do país que você deixou (lá tudo era lindo e perfeito); falta de confiança; sentimento de que está sendo explorado, abusado ou explorado; tornar-se obsessivo, como com a limpeza por exemplo.

Nem todos passam por isso. Para algumas pessoas entretanto, bate firme como uma doença. Muitos estudiosos no assunto acreditam que o processo de adaptação à nova cultura passa por certos estágios.

A primeira fase é a de lua de mel. Tudo é novo e diferente. E muitas coisas são semelhantes aos do país de origem. Mas depois de algum tempo, percebe-se que não é bem assim; as pessoas não tem muita paciência para ajudar; não se consegue produtos simples como linguiça calabresa, queijo mineiro, mandioca ou xuxu nos supermercados; os restaurantes estão fechados quando você sai para jantar (e são somente 10 da noite!); as comidas não tem gosto; o café é aguado; os americanos (substitua aqui pela nacionalidade correspondente ao seu caso) são frios, não gostam de serem tocados ou da proximidade física, e o pior, ninguém gosta do nosso futebol! Não há transporte coletivo da forma que existe no Brasil; o carro enguiçou mas o seu mecânico de confiança ficou no Brasil e aqui só se conserta o que você indicar que está errado e uma lista infindável de etc. Esta fase é a mais difícil. Muita irritabilidade e hostilidade e o pior de tudo, a sensação de não fazer parte. Um excluído.  Nessa altura muita gente desiste e volta, sem saber que vai ter um outro choque ao regressar, que é uma outra história e podemos tratar num outro post .

Ou então, decide procurar a sua turma, outros brasileiros. A síndrome da colônia. Encontrar o conforto junto às pessoas que passam ou passaram por essa experiência. Acontece em todo mundo. Você vê o resultado disso por exemplo em São Paulo, que tem a Bexiga pros italianos, Liberdade pros japoneses e assim por diante. Aqui nos Estados Unidos, a mesma coisa. Os nórdicos se juntaram no Meio Oeste, os japoneses em Los Angeles e Hawai, Chicago é uma das maiores cidades polonesas do mundo, os judeus costumavam estar aglomerados em Nova York e assim por diante.

A fase seguinte é a do biculturalismo. Você fica firme com a sua bagagem cultural mas aprende a respeitar e aceitar a do país que te recebe. Aceita que as coisas não são melhores nem piores, apenas são diferentes. Você aprende a se comunicar com outros, mais por causa do entendimento maior de si próprio numa terra estranha. Faz um esforço para acompanhar outros esportes. Ouvir músicas diferentes. Experimentar comidas diferentes. Fazer novas amizades. É a fase da assimilação. Começamos a ficar mais à vontade nessa terra.

Todas essas fases tem duração variada.

Você pode minimizar o choque cultural de diversas formas:

-procurando maior número de informação possível sobre o país e a cidade onde você vai morar, enquanto ainda estiver no Brasil.
– saindo do país em grupo. Ou em família. A família é estável e unida? Maior probabilidade de adaptação. Entretanto, se você achar que seu casamento está mal e espera mudar a situação, indo os dois para uma nova lua de mel, podem tirar o cavalinho da chuva. Vai ficar pior.
– tendo a mente aberta para novas experiências e situações.
– aprendendo a língua e a cultura do país que vai te receber. Experimente também a culinária e também filmes, livros, artes desse país.
– tendo muita, mas muita paciência. A adaptação poderá levar muito tempo.
– sendo construtivo.
– praticando uma atividade esportiva ou física e encontrar um tempo para relaxar.
– aumentando o contacto com a nova cultura. Encontre uma atividade de voluntariado em alguma associação comunitária.
– cultivando o relacionamento familiar e profissional.
– aceitando as experiências e situações, mesmo que não te satisfaçam totalmente.
– mantendo contato com seus amigos através da internet, principalmente lendo blogs como este para entender melhor esse processo de adaptação.

Um dos exemplos que gosto de citar é a de um executivo japonês, Mr. K, que foi a mando da matriz japonesa para ser o diretor financeiro no Brasil. Ele se apaixonou pelo futebol brasileiro, virou um corintiano fanático (é, também acho que foi uma péssima escolha…) e vivia convidando os amigos para irem junto ao estádio. Gostou da feijoada e adotou como a sua comida predileta. Se adaptou rapidamente com o jeitinho brasileiro, mas continua jogando o seu golfe semanal e terminou que hoje é o presidente da filial brasileira e não quer voltar pro Japão.

Acontece o mesmo aqui nos Estados Unidos. Os amigos brasileiros mais bem adaptados são aqueles que se interessam pelos estranhos esportes que os americanos praticam, o futebol americano, beisebol, golfe, ouvem a música americana (country e western, no meu caso) e são flexíveis no aceitar as diferenças.

 

 

Para acalmar os ânimos – trivia pros marmanjos

Para acalmar um pouco os ânimos das torcidas brasileiras, pró e contra, que tal um jogo de trivia? Mais apropriado para aqueles que testemunharam o Golpe de 1964, mas vale para os mais jovens, para levar aquele papo adiado com os seus pais, tios e avôs. Vamos lá então. As respostas seguem depois das perguntas. Não vale colar!

  1. Quem lançou em 1959, o programa de rádio (e depois, tevê) de maior audiência entre a juventude, chamado “Hoje é dia de Rock”?
  1. Qual era o nome do cavalo de Roy Rogers ?
  1. Quem foi a Miss Brasil 1963 ?
  1. Quem apresentava o programa “Um instante, Maestro!”?
  1. O que era Cuba Libre ?
  1. Complete a frase dessa propaganda : Dura Lex Sed Lex, no cabelo só …..
  1. Quem fazia o papel do mordomo e qual era o nome dele no programa “A Famìlia Trapo”?
  1. Quem recebia os convidados no “Almoço com as Estrelas” em São Paulo?
  1. Como era o telefone “celular” do Agente 86 ?
  1. Como era o nome do detetive de “Arquivo Confidencial” interpretado por James Garner?

Record-60Anos-Familia-TrapoFamilia Trapo

Respostas:

  1. Jair de Taumaturgo. O programa era levado diàriamente pela Radio Mayrink Veiga do Rio (fechado em 1965 pela ditadura militar – pois é, aconteceram dessas coisas), apresentado por Isaac Zaltman, patrocínio do sabonete Cinta Azul.  Mais tarde virou título de uma peça de teatro, do mineiro José Vicente.
  2. Trigger. Morreu em 1965 aos 33 anos de idade (a nossa ditadura militar não teve nada com isso, pelo que eu saiba…). Hoje ele se encontra empalhado (não é propriamente uma empalhação, pois foi utilizado a pele do Trigger mas foi montado em cima de um modelo de plástico ou um material parecido) no Museu Dale Evans/Roy Rogers em Branson, Missouri uma cidade turística voltada aos amantes da música country.
  3. Para mim, uma miss sem sal, aliás como quase todas, com algumas raras exceções, mas que acabou sendo a Miss Universo daquele ano, Ieda Maria Vargas, de Rio Grande do Sul.
  4. Flavio Cavalcanti, campeão de audiência (chegou ao pico de 72%! no início da década de 70, antes do Fantástico, com o programa Flavio Cavalcanti) extremamente conservador, que vendia uma imagem de defensor da família, da pátria, da propriedade, da religião, da moral e dos bons costumes, os pilares da ordem social, e portanto bastante alinhado com as diretrizes da Escola Superior de Guerra, que supostamente norteavam a ditadura militar. Tirava e colocava os seus óculos, quebrava discos e era famoso o seu bordão “Os nossos comerciais, por favor. Um mulherengo longe das vistas do público e principalmente da sua mulher.
  5. Foi o que aconteceu com a revolução castrista, mas era nome de um coquetel, que consta de uma mistura de coca-cola com rum e cubos de gelo. O Hi-Fi, outra bebida da época, era Crush (Sukita hoje em dia, eu acho) com vodka.
  6. Gumex. Era o gel da minha geração, que deixava os cabelos durinhos. E tinha também o da brilhantina. E o slogan  “Com Glostora seu cabelo melhora”, alguém aí se lembra ? .
  7. Jô Soares, era o Gordon, mordomo da família. Outras personagens, Renata Fronzi (Helena), Otelo Zeloni (Pepino), Ricardo Corte Real (Sócrates), Cidinha Campos (Verinha) e Ronald Golias (Bronco). Programa da tv Record, líder de audiência naquela época, que sofreu um incendio misterioso em 1966, um ano depois que a Rede Globo começou a operar, com ajuda de capital americano.
  8. Ayrton e Lolita Rodrigues. Era um almoço ao vivo com entrevistas com atores e cantores e música ao vivo, com muitas gafes, principalmente por parte do Ayrton.
  9. Muito antes dos celulares, o agente 86 andava (literalmente) com ele, não nos bolsos mas no pé. Era o sapatofone!
  10. O nome do batuta irreverente era James (Jim) Rockford. A série se chamava Rockford Files, no original, se lembra? E ao contrário da grande maioria dos detetives americanos, ele se recusava  a carregar armas. O tema de abertura era do grande Mike Post. (Magnum P.I., Hill Street Blues, Law and Order e outros seriados)

 

E aí, acertou todas?

A primeira, a gente nunca esquece.

Faz muito tempo, mas eu me lembro como se fosse ontem. Já sabia dela pelos papos do pessoal da firma. Estava doidinho para botar as mãos nela. E foi através do meu irmão que fui conhecê-la. O meu irmão, mais jovem do que eu, mas precoce, entrou no meu quarto com ela nas mãos, e depois das devidas apresentações disse, “você vai gostar dela também, mas tenho que sair para um encontro com o pessoal do sindicato”, se mandou, sem dizer mais nada.

Foi um ato totalmente surpreendente, chocante até. Confesso que me supreendi com o despreendimento e a renúncia do meu irmão. Mais do que um irmão ele mostrou que era um amigo. Um amigo não, um Amigão.

Todo nervoso, fiquei a sós com ela. Meio sem jeito, fechei a porta do meu quarto e com o coração batendo mais forte, fiquei olhando para ela, como um pamonha. E ela quietinha. Mais à vontade, comecei a examiná-la cuidadosamente. Dei um longo suspiro, pensei comigo, é hoje!

Finalmente comecei a folheá-la. Folheá-la, sim! A edição novinha da Playboy americana, de janeiro de 1968. Olhei pros lados, fui checar na janela se não  havia ninguém espiando ou alguém suspeito na redondeza, afinal estávamos vivendo a ditadura, época de censura moral e política muito rigorosa. Não se podia cometer o mínimo deslize. Duros tempos em que estudantes, operários, jornalistas, políticos, que ousavam  dizer o que pensavam, “desapareciam”,  se “suicidavam”, morriam em “desastres”. Aqueles com mais sorte eram somente torturados…

StellaStevensCerto que estava seguro ali no meu quartinho, continuei a minha “leitura”. Não entendi praticamente nada do que estava escrito. Mas as fotos, ah as fotos… muitas fotos de Stella Stevens, uma atriz muito popular na época, mais a playmate do mês, e tome mais fotos de lindas e saudáveis americanas – e bota saudáveis nisso! – e até uma entrevista de Norman Mailer, que não li, mas que eu e você podemos checar seguindo o link ali detrás.

As revistas masculinas brasileiras praticamente inexistiam. A Ele e Ela surgiu em 1969 e a primeira Playboy brasileira viria bem depois em 1975. Comparada com as revistas de hoje, a minha primeira Playboy parece uma revistinha para crianças.

Mais tarde, quando já conseguia entender um pouco de inglês, resolvi pular para Penthouse, do megalomaníaco Bob Guccione, que no comecinho era publicada na Inglaterra. A Penthouse era mais ousada em termos de fotos e suas cartas à redação, a seção Forum, provocaram choques, mas estava tudo dentro do espírito do amor livre e completa liberação que começou no fim dessa década. Além disso a sua linha editorial era mais liberal (ou de esquerda, como diriam alguns ou sensacionalistas como diriam outros) do que a conservadora Playboy.

Hoje em dia, com a internet, quem precisa dessas revistas? Posso dizer entretanto, que não me esqueci da primeira revista, que me marcou profundamente e me ensinou que é bem melhor fazer o amor (mesmo que sozinho…) do que fazer a guerra.

 

As deliciosas rumbeiras da política de boa vizinhança

Uma das grandes vantagens de viver numa cidadezinha do interior na década de 50 e 60 era a de que você vivia as décadas anteriores também.

Como é que é mesmo?
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É o seguinte, vivendo por exemplo em Duartina, 1958, poderíamos numa mesma semana ver uma das chanchadas da Atlântida de 2 ou 3 anos antes, um filme americano da década anterior e de lambuja, um daqueles seriados da década de 30 ou 40, do Capitão América, Comando Cody ou Flash Gordon nas matinês de domingo.

Nessa mesma década de 50, tive a sorte de desfrutar as últimas produções da chamada época dourada do cinema mexicano. Os filmes da distribuidora PelMex (Películas Mexicanas) eram exibidos em salas de cinema do Brasil todo. Foi assim que atores como Cantinflas, Libertad Lamarque, Tin Tan, Maria Felix , Miguel Aceves Mejia, Pedro Infante, Pedro Armendariz, Pedro Vargas, e outros Pedros costumavam levar os seus fans em peso às salas de cinema para verem os melodramas mexicanos ou comédias musicais.

Sim, como esquecer dos números musicais das rumbeiras, dançarinas de cintura fina, quadris largos e coxas generosas! Tudo natural, sem músculos em excesso ou plásticas que artificializam as mulheres de hoje. Elas fizeram a alegria (e os riscos de muitas espinhas na cara e pelos nas mãos…) de um garoto no início de sua adolescência.

A minha estrela favorita nessa fase era uma morenaça, a Maria Antonieta Pons (a da foto ali de cima). Alguém ouviu falar dela ou da Ninon Sevilla, esta, uma loirinha? Elas eram as rainhas da rumba, concorrendo com outras belas e roliças dançarinas, a maioria delas cubanas como Mary Esquivel, Rosita Fornes e Amalia Aguilar.

La Pons nasceu em Havana, Cuba. Fez o seu primeiro filme Siboney quando tinha 16 anos e depois se mandou para o México onde fez a sua carreira artística. Ela chegou a participar de uma produção brasileira, o Carnaval Atlântida, ao lado de Oscarito, Grande Otelo, Cyl Farney em 1952. Ninon Sevilla cantou com Trio Irakitan e com mais constância com os Anjos do Inferno, músicas brasileiras fantasiada como Carmen Miranda, com abacaxis na cabeça e balangadans e com um gostoso sotaque espninón-sevillaanhol, em oito filmes.

A fase de ouro do cinema mexicano foi um dos produtos da Política de Boa Vizinhança do governo norte americano, iniciada em 1933 durante o governo Roosevelt. A sua premissa básica era de influenciar culturalmente a América Latina com o Americian Way of Life. E o cinema foi uma parte importante desse projeto. E assim foram rodados muitos filmes com America Latina como pano de fundo em Hollywood assim como os filmes produzidos pela indústria cinematográfrica mexicana, que recebeu uma boa ajuda americana.

Infelizmente, a política de Boa Vizinhança foi pro beleléu quando a Segunda Guerra Mundial acabou, pois a América Latina já não tinha mais importância estratégica e os americanos se cansaram de brincar de bom vizinho. Como aconteceu quando Castro chegou ao poder em Cuba. E pouco depois, em 1964 para ajudar a democracia brasileira, botaram os militares e a Globo no poder. Os americanos voltaram à antiga política de intervenção, mas isso é outra história…ou não.

Em todo caso, o cinema mexicano perdeu chão e a sua produção de flmes era drigida para o consumo interno até se afundar em crise, só mostrando um pouco de sua criatividade neste novo milênio.

Nunca mais vi um filme da Maria Antonieta Pons. Mas a vida segue e nos anos 60, aquele adolescente cada vez mais espinhudo a substituiu por Claudia Cardinale, que não dançava rumba nem samba, mas era uma mulher esplendorosa que ainda por cima era uma boa atriz. E a sua voz rouca! Ah! (um suspiro daqueles bem longo…) Ah, me desculpem os jovens de hoje mas não se fazem mais Maria Antonieta Pons e nem Claudia Cardinale como antigamente…

De quem é a Copa do Mundo ?

 

Resmungos e desabafos

Onde está a propaganda institucional promovendo a próxima Copa do Mundo? Não vi nadinha quando estive no Brasil no mês passado. Nada na mídia, nada nas ruas. O  povo não deveria se alegrar por estarmos recebendo as melhores seleções, melhores jogadores e sendo o foco do mundo todo? Estamos preparados para mostrar o potencial turístico, a simpatia e a alegria do povo em receber os forasteiros?  Tudo leva a crer que não. Chovia manifestações de reclamação sobre os gastos realizados com o evento, exgindo que esses recursos deveriam ser dirigidos a programas sociais, educacionais e no campo da saúde. Passeando pelas redes sociais, parece que estamos à beira de um grande cataclisma político-social de tantos comentários negativos, pessimistas e alarmistas.

Uma das vantagens de realizar um mega evento como a Copa do Mundo ou uma Olimpíada é o subsequente aumento considerável nas exportações do país patrocinador. E fazendo um pequeno parêntesis aqui, o interessante é que os demais países que participam do processo final da seleção para sediar os jogos  e perderam, experimentam o mesmo efeito. Estudos indicam que isso acontece porque os países candidatos estão sinalizando para o mundo que tem um poder econômico e as mesmas condições do país vencedor.

No caso recente da Coréia do Sul, além de provar o crescente poderio econômico, sediar uma Olimpíada e co-sediar uma Copa do Mundo teve um impacto dramático em sua política interna e nas suas relações com o mundo ocidental. Houve melhoras na infra estrutura, tiveram que dar uma melhorada nos problemas ambientais, cresceu o número de turistas, a música e o cinema coreano estão invadindo o mundo todo, a capital Seul e outras cidades, foram embelezadas, os serviços hoteleiros tiveram um upgrade, tudo isso por causa da pressão da realização desses eventos.

Porém, como aconteceu com outros países no passado, Coréia do Sul experimentou um impacto mais sutil na sociedade, no orgulho nacional, na memória coletiva e uma grande expansão da cultura esportiva, que foram os legados benéficos mais significativos e profundos. E os coreanos não pararam aí pois as próximas Olimpíadas de Inverno em 2018 serão em PyeongChang. Hoje em dia quase ninguém fora do país ouviu falar desse lugar, mas vai ocupar espaço na mídia, logo logo.

Mas, e daí, a Coréia do Sul resolveu todos os seus problemas? Longe disso, a corrupção até aumentou, mas está bem melhor do que era antes.

Infelizmente, estamos preparando a nossa Copa do Mundo para ser uma experiência que vai baixar ainda mais a nossa pobre auto-estima e nem estou falando sobre a nossa seleção.  Pelo jeito que as coisas estão, vamos  manter a nossa condição tradicional de colonizados.

Veja bem, não se trata aqui, se os eventos vão dar lucros ou não para os organizadores. Se gastamos muito ou não com a organização (é claro que gastamos, e tudo fora do prazo!). Estou aqui resmungando como um completo leigo, sobre os possíveis efeitos positivos  para a economia e para o povo.  Estamos perdendo uma ótima oportunidade para que a população se sinta orgulhosa por estar recebendo os estrangeiros e mostrar o lado positivo do país.  O resto do planeta está cansado de saber da violência urbana, corrupção, a pobre infra estrutura do nosso querido Brasil, pois é praticamente o que se vê na mídia do exterior quando se fala do Brasil. E o outro Brasil? Ele tem muita coisa positiva que o mundo não conhece.

Vejo com enorme tristeza que estamos perdendo esse bonde por completa incompetência do governo federal. Não fiquemos esperando que a  FIFA cante as maravilhas do Brasil. Quando a delegação brasileira apresentou a proposta para concorrência da Copa do Mundo e das Olimpíadas, foi exibido um bonito vídeo mostrando as maravilhas que o país tem a oferecer. Tudo bem, ali mostramos que podemos ser bons quando queremos, convenceram um grupo seleto rigoroso e depois de ganharem a concorrência, esqueceram do mais importante que é a gente, o povo brasileiro.

Com os dirigentes que temos, fica mesmo muito difícil.  É como remar contra a correnteza. E não me venham dizer que seria diferente se não fosse o PT e sim o ……… Coloque aí, o partido, a coligação ou o que seja, de sua preferência. A incompetência e o descaso (e a corrupção!) são uma praga nacional, independe de partidos e ideologias.

Tenho a impressão que a ESPN, no vídeo que ilustra esse post, faz um trabalho melhor que o do nosso governo para promover a Copa…

 

 

GRANDE HOTEL, A MÁGICA REVISTA DO AMOR.

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Chove lá fora? Vamos jogar pingue-pongue!

Na última visita ao meu Sebo preferido em São Paulo, ali pertinho da Praça Carlos Gomes, comprei além de uma revista Filmelândia dos anos 60, este exemplar da revista Grande Hotel – a mágica revista do Amor, que saía todas as terças-feiras, publicada pela Casa Editôra Vecchi Ltda., Rio de Janeiro. A revista é do dia 18 de abril de 1950.

A edição dessa revista saltou aos meus olhos por causa da capa. Um casal que não podia sair de casa por causa do mau tempo decidem jogar pingue-pongue. Notem que chove lá fora. Como é que eu poderia resistir a um chamariz desse?

Os reclames deixavam muito a desejar, esperando pelo know how dos americanos que estavam chegando ao país, como a McCann Erickson. Abaixo uma amostra disso.

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                                        A revista entretanto era muito interativa como acontecia com outras revistas do gênero. Os leitores recebiam muitas oportunidades e incentivos para se conhecerem melhor. Muitas regras e instruções detalhadas para futuras amizades ou talvez  algo um pouquinho mais sério.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         ImagemImagemSerá que a gauchinha ruiva de olhos azul-esverdeados de Pelotas encontrou o seu grande amor com a ajuda da revista? Estariam ainda juntos? Espero que sim.. Esse brotinho teria hoje 82 anos.

E você? Você teve alguma experiência dessas antes da invasão tecnológica dos dias atuais?

ASIAN GIRLZ – REALLY?!

Olha, estou parecendo repetitivo, mas certas coisas aqui nos States são tão absurdas que é preciso chegar aqui e contar para vocês. De novo. Sobre racismo e perpetuação de estereótipos em cima de grupos minoritários, mais uma vez em cima dos asiáticos. Asiáticas, nesse caso.

O conjunto Day Above Ground de Los Angeles lançou um video, Asian Girlz (com z, para dar um ar gangsta, mais cool para a sua audiência alvo). A letra da música é inacreditavelmente racista e pesada (pussy, butt fuck e outras pérolas  da língua inglesa abundam ali) que de imediato foi recebida com pauladas de tudo quanto é lado. Os integrantes do bando ficaram surpresos e parecem que não entenderam a reação do público ! De acordo com DAG, a intenção era mostrar o ridículo da obsessão de certos homens brancos com as asiáticas, uma sátira, provocativa e um trabalho artístico leve sem toque racista. Temos até um asiático no grupo (o baixista é um simpático indonésio) disseram eles. Todas essas desculpas oferecida pelo grupo e até alguns asiáticos (homens, é claro) recomendam que deveríamos relaxar e curtir a música.

Eu até tentei fazer o mesmo, relaxar e admirar a linda modelo do video. Mas a letra da música (letra completa no post abaixo) é absurdamente ofensiva, que mesmo para mim, um velho japonês tarado (isso aqui não é um pleonasmo?)  não consegui curtir a linda asiática em questão, que vai tirando a roupa enquanto o grupo vai jorrando tudo o que “admira” da cultura asiática. O video que ilustra esse post parece ter sido retirado do ar depois da grita geral quase unânime. Aproveite, se estiver ainda disponível.

A modelo Levy Tran se desculpou em seu twitter, pois também levou bordoada por ter sido responsabilizada pela tentativa de levar pro esgoto 50 anos de conquistas das mulheres e feministas em apenas 5 minutos.

E você, o que é que acha disso tudo? O vídeo e a música Asian Girlz, é apenas mais uma sátira divertida e um exemplo de que devemos levar tudo numa boa? Ou mais um exemplo de perpetuação de estereótipos, ofensivo e muito além do aceitável?

Asian Girlz – oh, seus olhos puxados, “aroz gludento” e outras asneirices

day-above-ground

 

 

 

Asian Girlz

Day Above Ground –

Asian girl, she’s my Asian girl

You’re my Asian girl, you’re my Asian girl

You’re my Asian girl, she’s my Asian girl

Yes, my Asian girl, you’re my Asian girl

I love your sticky rice Butt fucking all night

Korean barbecue Bitch I love you

I love your creamy yellow thighs

Ooh your slanted eyes

It’s the Year of the Dragon Ninja pussy I’m stabbin’

Superstitious feng shui shit (what?)

Now lay your hair by the toilet

I’ve got your green tea boba

So put your head on my shoulder

Your momma’s so pretty Best nails in the city

Pushing your daddy’s Mercedes

New Year’s in February (February?)

That’s fine with me (I guess) Yeah, shark soup (What? Fuck it, we’ll eat it)

Oh, tradition, tradition, tradition, yeah yeah

Baby, you’re my Asian girl

You’re legally (best kind)

So baby marry me Come on sit on my lap (right here baby)

Or we’ll send you back

And you age so well I can barely tell

17 or 23? Baby doesn’t matter to me

Arcadia J-Town Alhambra K-Town Temple City

Don’t forget Chinatown

Get down Happy endings all over

Bruce Lee Toyota Spicy tuna Sashimi Tasty Garden

Fried Lice Sailor Moon Wonton soup Spring roll  Tibet

Foot rub rub a down down down

Fa ra ra ra ra ra ra ra ra ra ra

Tofu All over you all over me

Eiga-kan – Cinemas Japoneses de São Paulo e do Interior

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Cine Niterói na Galvão Bueno onde se localizava também um Hotel e um Restaurante.

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Cine Jóia num dia de estréia de um filme de Takarada Akira.

Houve um tempo em que você andava pelo bairro da Liberdade na cidade de São Paulo e mesmo muito antes das lanternas e portais vermelhos, das enormes placas com escritas em japonês e antes também da Praça da Liberdade como a conhecemos hoje, você se sentia trasportado ao Japão. Ou assim pensava eu, um caipira de Duartina que nunca pisou os pés na Terra do Sol Nascente. A cada duas ou três quadras você dava de cara com um cinema exibindo um filme japonês. Tinha o cine Niterói, o primeirão, que abriu as suas portas em 1953, ali na Galvão Bueno onde hoje passa a Radial Leste. Tinha capacidade para 1500 pessoas! E com um restaurante e hotel no mesmo prédio, todos pertencentes à família Tanaka. E porque o nome Niterói, que fica no Rio e não tem nada de japonês? De acordo com Susumu Tanaka, o nome surgiu da combinação de Nitto (Japão, japonês) com herói, portanto, Herói Japonês.

O cinema lotava. Devido ao sucesso desse emprendimento outras salas foram abertas: o cine Nippon, na Rua Santa Luzia, que mostrava os filmes do estúdio Shochiku, que se especializava em filmes românticos; o cine Tokyo, na Rua São Joaquim, mais tarde Nikkatsu, onde passavam os filmes de ação do Nikkatsu e o cine Jóia, na Praça Carlos Gomes, que exiibia os filmes do estúdio Toho. Era a época de ouro do cinema japonês, do milagre japonês do pós guerra e da Olimpíada de Tokyo e tínhamos acesso praticamente à toda produção japonesa. Cada semana entrava novo filme em todas as salas. Para promover os novos lançamentos, os Tanakas resolveram trazer diretamente do Japão os grandes atores da época, imitado rapidamente por outras salas. Astros como Tsuruta Koji, Kayama Yuzo vieram do outro lado do planeta para estréias de seus filmes.

E antes disso, quando não existiam todas essas salas, como é que os japoneses ficavam por dentro do que o Japão produzia?

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Os senhores Honda, Hayashi e Koga, de Bastos eram os proprietários desse cinema itinerante, foto tirada em outubro de 1936, anunciando um filme falado, oru taki ou all talkie, anunciado no cartaz.

Não sei como acontecia na Capital, mas no interior de São Paulo, esperávamos ansiosos pelos cinemeiros ambulantes. Eram o cinema-ya-san e sua equipe, que iam percorrendo as cidades para mostrar as últimas produções japonesas. Esses filmes eram anunciados com antecedência através de pequenos cartazes, que davam um resumo do filme, nomes dos artistas e uma reprodução do cartaz, escritos em português e em  japonês. Esses cartazes eram afixados nas lojas e armazéns de propriedade de japoneses por toda a cidade. Esses bravos empreendedores japoneses iniciaram esse cinema itinerante na década de 1920. Como quase todas as transformações que eu vivi, peguei o finzinho desse período romântico.

Na minha cidadezinha, os filmes eram exibidos no kaikan, o clube japonês, que virava cinema por uma noite.  Nem sala de projeção existia. Os projetores ficavam ali no meio do salão e que ninguém se atravesse a cruzar pelo facho atrapalhando a projeção! Eu me lembro que assistia ao filme, sentado ali no chão mesmo, com um zabutom (uma almofada) por baixo, que todos carregavam para o “cinema”. Era um acontecimento social em que o pessoal das fazendas e sítios da redondeza se juntavam com o pessoal da cidade pra botar a prosa e os mexericos em dia. E para os mais jovens, uma chance para iniciarem as trocas de olhares que poderiam levar a um futuro namoro. Os rapazes que faziam a parte dessa família de cinemeiros ambulantes eram assediados pelas meninas mais saidinhas e a rapaziada da cidade ficavam todos com bronca ou ciúmes daquela popularidade besta e sem sentido.

Nas cidades maiores com maior concentração de japoneses houve a necessidade de um local mais apropriado. Assim, em Marília, o maior cinema da cidade, o Cine Marília, que ficava num lindo prédio art-deco na Sampaio Vidal, a principal avenida, começou a exibir filmes japoneses duas vezes por semana, de terça e quinta-feira. Na década de 60, a produção cinematográfica japonesa era tão grande, que um segundo salão foi necessário, para atender a demanda dos nikkeis marilienses. Esse cinema era também, o teatro e auditório de uma escola de freiras, o Sagrado Coração de Jesus, na Nelson Spielman, do outro lado da linha de trem.

Entretanto no final dessa mesma década foi também quando começou a diminuição da produção japonesa, que aliada ao crescimento cada vez maior da televisão, forçou o fechamento pouco a pouco de todas essas salas. Acredito que o cinema japonês teve um papel importante em todos da colônia japonesa, que precisava de um impulso para melhorar a auto-estima ferida com o estigma da guerra e puderam sentir novamente orgulho de suas raízes.  Foi também uma forma dos “gaijins” cinéfilos ou não, de tomarem contato com a produção japonesa bem antes do mundo inteiro.

Acredito também que o desaparecimento dessas salas de cinema tenha contribuído para a etapa seguinte, o rápido processo de assimilação de nós, nisseis à sociedade brasileira.

É triste ver que hoje em São Paulo, o cinema japonês, virou material para exibição em salas de artes e festivais para um público reduzido, como no resto do planeta…

PS – Esse post é uma mistura de dois anteriores que escrevi em novembro de 2006 e fevereiro de 2008, para celebrar o lançamento do livro CINEMA JAPONÊS NA LIBERDADE, de  Alexandre Kishimoto publicado pela Editora Estação Liberdade (304 págs., R$ 48) .  O lançamento oficial acontece no dia 26 de março, às 18h30, no térreo da Livraria Cultura (Av. Paulista, 2073, São Paulo/SP).

Fontes:

http://www.culturajaponesa.com.br/htm/cineniteroi.html
http://fjsp.org.br/agenda/japao-em-4-cinemas/
http://50anosdetextos.com.br/2012/o-esplendor-dos-filmes-japoneses-na-liberdade/

e também:

http://media.discovernikkei.org/articles/2389/Photo%206-2_ed.jpg
http://www.colheradacultural.com.br/content/antigo-cinema-da-lugar-a-casa-de-shows-com-potencial-de-virar-point-no-centro-de-sao-paulo.php
http://50anosdetextos.com.br/wp-content/uploads/2012/04/zzjoia3.jpg
Foto do arquivo da Família Taneko Honda, do Museu Saburo Yamanaka, de Bastos